Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará. Estou escrevendo meu 5º livrinho com o nome: Saudades, só saudades.
Eu falo assim porque tenho muitas saudades de tudo...
Da infância pobre, mas saúde perfeita.
Das brincadeiras com os colegas na hora do recreio.
Dos trilhos por onde passei, colhendo e comendo frutas do campo, nasciam só com a força da natureza que hoje está destruída. Acabaram as famosas e deliciosas goiabinhas do campo, as pitangas, gabirobas, os cajus do campo que davam em galhos rasteiros, era uma verdadeira delícia... Olho de periquito e muitas outras.
De tudo isso ficou a saudade...
Recordo a família reunida que hoje se espalhou por todo lado...
Da juventude, dos terços em casa de amigos e no cruzeiro, rodas, danças que me davam tanta alegria...
De todos irem na casa de um casal de fazendeiros, já idosos, para ouvir música sertaneja no único rádio que existia no povoado , naquele tempo...
Eu já escrevia versos e cantava do jeito que sabia...
Escrevia muitas letras, lia e jogava fora.
Aos poucos, fui deixando Limas e trabalhava de empregada doméstica em Pará de Minas.
Voltei pra lá para lecionar, substituindo aquela que foi minha professora.
Dei aula também em Gorduras por dois anos. Lá, fiz muitas amizades. Hoje esse povoado é um bairro de Pará de Minas.
Tudo isso é saudade...
Fui transferida para Aparição onde trabalhei com muitos alunos até me aposentar.
Quando eu morava lá, ouvia a rádio Santa Cruz que existe até hoje e vai sempre existir porque é muito organizada.
Mas naquele tempo havia o programa para cantores da terra, ao vivo, comandado por Alberto Neto, com sua gargalhada que animava a todos. Fui muitas vezes assistir e conhecer os cantores e o animador.
Você, Alberto Neto, nos alegrava de verdade.
Tudo isso é saudade...
Não vou citar nome de todos os cantores, mas Zé Osmar e Zé da Costa, Sheila e Estela e outras duplas cantavam letras minhas. Fui até premiada com melhor composição. Mais tarde o Zé Osmar gravou um CD com várias letras minhas e posso ouvir a hora que quiser ou o dia todo.
Abraço Zé Osmar!
Meu abraço e muito obrigada à dupla Breno e Gabriel que aceitou gravar 12 letras minhas a pedido do meu filho Sérgio Dorizete, o Dori da TVI. Ele quis me prestar homenagem no dia do meu aniversário em que completei 76 anos.
Obrigada a eles e aos outros filhos que ficaram em silêncio. Foi uma grande surpresa e alegria, pois posso ouvir minhas letras muito bem cantadas por Breno e Gabriel, pelo Zé Osmar e por Juvenil Alves que também gravou uma letra minha.
Muito Obrigada a vocês!
Olha gente, eu amo muito o povoado de Limas, lá tenho parentes e amigos que nunca vou esquecer, mas em Aparição trabalhei, criei meus 8 filhos, me aposentei, dei muitas gargalhadas de alegria, derramei muitas lágrimas em segredo, às escondidas no quarto, no banheiro em qualquer canto do quintal...
Hoje lá tem um lindo grupo escolar que está fechado, uma linda igreja onde vai pouca gente, não tem mais coroação, acabou as serenatas e folias de reis...
Tem muita gente boa lá ainda, mas o resto destruíram.
Mesmo assim mudei e esqueci meu coração por lá.
Quando alguém for capinar ou cavar o chão é capaz de encontrar meu coração no meio daquela terra vermelha de Aparição. Se acharem me devolvam, por favor!
Agora falo um pouco dos Santos. Eu acho que se tivermos fé, eles nos ajudam pedindo a Deus por nós. Já alcancei graças por interseção de Santo Onofre numa hora de dor horrível! Fiz até uma poesia pequena agradecendo a Santo Expedito e outra a São Sebastião. Fiz uma pequena oração que rezo pedindo ajuda a meu Deus Vivo. Está neste livro.
Se este não for o último, até o ano que vem!
Se for o último, adeus e obrigada a quem ler!