A PONTE INVISÍVEL
31/12/2013
Não sei se acontece só comigo ou se outras pessoas sentem o que eu sinto...
Quando chega dezembro, do meio do mês para o fim, na minha imaginação vejo uma ponte grande para atravessar de um ano para o outro. Debaixo da ponte tem um vácuo ou um rio. Vou notando que a ponte fica maior a cada ano. Na realidade não vejo nada, é invisível, somente sinto que está cada ano mais difícil para eu chegar do outro lado.
Estou com as pernas trêmulas, a ponte está balançando, não vejo onde posso segurar... Vou seguindo devagar... É a idade...
Acho que quando vamos ficando mais velhos, sentimos dificuldades e precisamos de ajuda... Mas nem sempre aparece alguém disposto a oferecer a mão a quem precisa. Existem muitos adolescentes e jovens que são capazes de dar gargalhadas quando veem idosos ou indefesos darem um tropeção ou caírem no chão. Não pensam que estão passando pelo mesmo caminho onde os idosos passaram e que um dia podem precisar de ajuda também.
Nos dias de hoje tem muita leitura e quase nada de educação.
No meu tempo de jovem existia pouca leitura, mas muita educação. Muitos idosos e idosas não sabiam nenhuma letra do alfabeto e tinham tanta educação que chamavam os mais jovens de senhor ou senhora. Costumavam oferecer ajuda dizendo: “Se precisar de mim, estou às ordens” e explicava: “ Não sei fazer muita coisa, mas faço de boa vontade para a senhora, está bem?” Se formavam uma roda ou se faziam um baile não tinha separação, os jovens e as pessoas mais velhas brincavam e dançavam juntas.
É pensando estas coisas, cantando versinhos e cantigas de roda que vou atravessando a ponte invisível.
Vejo tanta gente com diploma na mão, formado em tanta leitura e esqueceram dessa coisa tão bonita chamada educação. Andam com o nariz empinado que quase chega na testa. Tem vergonha de dar bom dia, boa tarde ou boa noite. Não dão um sorriso pra ninguém. Todos têm a sua turminha, parece que o mundo é só deles. Até com os pais, fazem falta de educação.
Graças ao bom Deus, estou quase no fim da ponte... Posso ver chegar o ano novo... Mas estou pensando naqueles que nem puderam sentir que existia uma ponte invisível... Parentes, amigos, conhecidos, mesmo quem não é nada meu, sofrendo em um leito de hospital, na sala de cirurgia ou com uma doença triste... Pessoas que perderam alguém que tanto amavam... Para estas, a travessia foi ainda mais difícil.
Peço a sagrada família de Nazaré, aos santos reis magos, guardar as crianças, livrando-as de todo perigo e nos ajudar na travessia da ponte de 2014 para 2015. Muita saúde, paz e EDUCAÇÃO para todos nós. Que a ponte seja menor e que tenha um corrimão para que possamos segurar.
Nosso Deus também é invisível, mas está em cada canto de nossas casas... Onde se encontra uma pessoa ele está presente. Peço a Ele que não deixe ninguém sozinho, mas que a maior parte do tempo passe ao lado dos sofredores ou doentes. O senhor é a visita mais certa e esperada de cada enfermo.
-
Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
Continuar lendo