Maria Verônica09/06/2017

Tem gente que fica falando: recordar o passado é sofrer duas vezes.
Eu sou diferente. Tenho é saudades do passado, mesmo com pobreza e
passando falta de quase tudo. Fico pensando que tempo bom quando
eu tinha meus 8, 9 e 10 anos. Era tão diferente naquele tempo...
As crianças podiam trabalhar na roça plantando milho, feijão,
arroz e tudo mais. Eu e minha irmã mais velha ajudávamos também
a fazer polvilho e farinha de mandioca, trabalhando para uma família
que tinha uma pequena fábrica destes produtos.
Quando era tempo de colher café, a gente tinha muito serviço,
e recebíamos pelo que trabalhávamos. O café era medido em um balaio
ou quarta. Quatro quartas era um alqueire. Um casal já idoso tinha
uma boa chácara e dava serviço pra mais de um mês.
Eles ainda davam o almoço às nove horas, o café com quitandas feitas
em casa ao meio dia e a janta às três ou quatro horas. Era uma delícia!
Quando nossa mãe tinha tempo nos ajudava para o dinheiro
aumentar um pouco. Quando o café secava, eles chamavam de novo
para ir soprar ou como diziam: peneirar para ser guardado em grandes
caixas de madeira.
A vida era boa! Nós brincávamos nos dias de folga e quando tinha
serviço trabalhávamos. A lei não proibia trabalho de criança.
Hoje ficam aqueles moleques pelas ruas desligando o relógio da Cemig,
deixando sem energia as casas de muita gente que pensando
que é serviço na rede. Demoram a descobrir que o relógio foi desligado.
Quando é noite piora ainda mais, porque pega a gente de surpresa
e fica tudo na escuridão. Eu já fico atenta quando começa a escurecer,
já acendo uma vela e coloco em cima da pia da cozinha, para não ter
perigo de pegar fogo em nada, e não ficar perdida dentro de casa
até que encontro uma lanterna. À noite não abro o portão para ver
se foi desligado ou a energia acabou, tenho medo de ser atacada
por marginais. Outros tocam a campainha e parece que vai explodir tudo,
qualquer hora, dia ou noite. A bela lei que fizeram diz que
trabalhar não pode, mas amolar os vizinhos ou o bairro inteiro pode.
Às vezes fico pensando como vai ser este mundo, para os que estão nascendo
hoje ou os que vão nascer. Como será a vida para os que vão viver
daqui a 40 ou 50 anos? Será que vão encontrar paz? Terão bons governadores?
Os políticos vão abraçar o povo só em tempo de eleição como fazem agora?
Vão encontrar água pura? Encontrarão emprego? Será que vão conhecer feijão
e poderão comprar? E nas ruas encontrarão pelo menos um trilho para passarem,
sem perigo de serem atropelados? E a saúde vai estar mais sadia?
E quem sofre com o câncer ou AIDS, serão curados sem tanto sofrimento,
ou já terão descoberto a vacina? Professores e professoras terão forças
para continuarem trabalhando 200 dias por ano ganhando esta mixaria?
Vão continuar fazendo reunião quase todos os sábados para os professores
como fazem hoje? Eles não podem descansar nem no fim de semana,
conversando coisas sem pé, nem cabeça. Os filhos serão mais educados
com os pais e pessoas idosas? O povo daqui a 40 ou 50 anos vai conhecer
uma árvore nativa, madeira de lei no campo? Ainda vai existir casamento?
Os idosos vão conseguir aposentadoria?
As fábricas de bebidas vão conseguir fabricar bebidas alcoólicas para todos?
O povo vai passar o dia todo no celular como muitos fazem hoje?
E a crise financeira, será difícil? Ou vai piorar?
Terá muita gente endividada ainda? Tomara que alguém guarde este livro
e possa responder todas essas questões daqui a 40 ou 50 anos.
Queridos amigos e amigas que já leram meus livros,
este é o sexto e talvez o último que escrevo. Estou sentindo fraqueza nas vistas,
com dificuldades de escrever. Não fico triste, pois já tenho muitas poesias escritas
que foram feitas com carinho e posso me elogiar, pois são todas rimadas.
Elas podem ser lidas ou cantadas, é só colocar uma música bonita,
pois elas tem começo e fim no mesmo assunto, como se fosse uma história bem contada.
Escolho muito bem o assunto que vou formar as poesias.
Graças a Deus minha cabeça está ótima, posso fazer muitas outras,
mas a vista não está ajudando. Esta é a nossa vida, cada ano uma etapa diferente.
A cruz vai pesando cada dia mais, mesmo assim sou muito feliz.
Se conseguir escrever mais algumas coloco na internet,
quem gosta pode procurar: donaveronica.com.br (Texto final do Livro Revivendo o Passado - publicado em outubro de 2016)

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Maria Verônica06/04/2017

Neste ano de 2016 está completando 40 anos que alcancei esta graça. Meu filho tinha 7 anos e desde os 3 ele sofria desmaios, daqueles mais tristes. Cerrava o queixo e mordia a língua, que até sangrava. Ficava parecendo que estava morto e tinha que tomar a injeção de gardenal para voltar o sentido. Nós morávamos a mais de dez quilômetros da cidade de Pará de Minas, as estradas eram péssimas e também era difícil arrumar condução para chegar com ele ao hospital, pois a injeção só podia ser aplicada lá.
Um dia, meu marido disse: vou levar este menino no Padre Libério para pedir uma benção. Levamos, e o Padre Libério rezou com o nosso filho e deu uma benção, dizendo: não vai mais sofrer desmaios, pela Sagrada Família está curado. Realmente nunca mais sofreu desmaios. Aquele menino que por ele foi abençoado, completou em janeiro de 2016, 47 anos e, é um homem forte e sadio.
Essa graça aconteceu, quando o Padre Libério morava em uma casa perto da Igreja de Nossa Senhora das Graças e quase já não saia do quarto. Depois disso, o médico que visitava as comunidades rurais naquele tempo e que cuidava do meu filho me disse: ‘vou dar a receita do gardenal’, remédio que usava diariamente, e mesmo assim ainda sofria as crises, que só melhorava com a injeção. E completou: ‘ele esta curado, mas compra o remédio e guarda, para a senhora ficar mais tranquila, mas não precisa usar, só se ele queixar de dor na nuca’. Graças ao bom Deus, nunca sentiu mais nada. Fico pensando que o anjo da guarda de Padre Libério até comunicou com o anjo da guarda de Dr. Nermival, o médico que visitava as comunidades rurais, incluindo Aparição, onde morávamos, cuidando dos doentes.
Se Deus quiser vai acontecer a beatificação deste Santo Padre, muito em breve. Quando podia andar, ele foi muitas vezes atender confissões dos doentes nas roças, passando pelos trilhos sujos no meio das capoeiras, pastos por onde andava o gado, em meio a carrapatos, abelhas, maribondos, cobras e espinhos. Vivia com o perigo e no meio do perigo. Naquela época ele já era considerado um santo para nós.
Hoje, rezo mais pela sua beatificação, do que para pedir graças, pois além da graça mencionada, alcançada por mim e meu marido, já alcancei muitas outras que pedi na hora de necessidade. Que Deus abençoe sua santa alma.

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Maria Verônica13/03/2015

Eu sei que existem bons políticos, mas alguns deles eu considero como dois times jogando futebol.
A torcida fica aflita e esperando, mas é ataques e mais ataques. Fica só assim até o final, nada de gol.
Certos políticos também são assim, debates e mais debates, ataques e mais ataques... Termina os quatro anos e nada feito.
Tudo velho e centenário!

a

Maria Verônica12/02/2015

Quando somos bebezinhos choramos muito, mas não sabemos de nada. Qualquer coisa estamos sentindo: dor, fome, sono, saudade dos braços da mamãe ou do papai , que hoje não tem tempo nem pra olhar se o bebê está com a fralda molhada ou suja, se passou da hora do alimento, do remedinho para tirar dor de barriga ou outra dor que o filho sente.
A mãe sente tristeza e fica resmungando: Que menino chorão e aborrecido! O almoço já está atrasado! Daqui a pouco chega o seu pai e você não dá tempo pra nada!
Nisto chega o pai com celular moderno, mandando e recebendo mensagens. Já vai logo dizendo: Este menino chora tanto, que me faz perder a fome.
Este drama dura muitos meses. Depois vem os primeiros brinquedos, as roupinhas bonitas, os primeiros passinhos, os primeiros tombos que já fazem os  pais sorrirem e ficarem alegres.
Com o passar do tempo vem a preocupação com escola. Onde vai estudar, quem vai  levar e buscar, quem vai cuidar enquanto os pais trabalham...
Então o pai fala: Quando estava bebezinho era melhor! Você estava de licença aqueles meses e cuidava dele. E agora?
Ela responde: Estou pensando... Sua mãe poderia cuidar dele!
Ah sim! Porque não a sua! Diz o pai.
Ela sai nervosa dizendo: vou olhar creche!
Faz bem! Diz o pai.
Passa os dias e conversam de novo: Falta só um mês pra começar as aulas e nada feito. As creches estão lotadas.
Sua mãe olha de manhã e a minha olha na parte da tarde.
É o jeito! Embora as avós tem o costume de dar doces, balas pirulitos e alimentos que não são saudáveis para os netos. Mas o que fazer?
Se elas aceitarem vão ajudar bastante!
Passam- se os meses, anos, a mesma coisa: Levam e buscam os filhos pra casa da avó, levam e buscam na escola.
Quando passam dezesseis, dezoito anos, os filhos resolvem tudo sozinhos. Mandam e desmandam. Dispensam qualquer pessoa para acompanhá-los.
Então é a tristeza e preocupação dos pais. Ficam o pai e a mãe perguntando um ao outro: Será com quem estão nossos filhos? Onde estão andando? Não sabemos! É a resposta.
O mundo moderno ensina muita coisa... Se tem dez acontecimentos bons, tem mil horrorosos.
Então sentem saudade do choro do filho pequeno e dos doces, balas ou qualquer coisa que a avó oferecia aos netos.
Ficam comentando: Como era bom todos juntos! Agora é só preocupação, nada mais.

a

Maria Verônica06/01/2014

SAÚDE, SONO, SONHO, SILÊNCIO, SEGREDO, SAUDADE E SOLIDÃO.

SAÚDE
Mais que ela, só Deus.
Quem tem saúde tem tudo. O dinheiro, os amigos, o amor são coisas muito importantes em nossa vida, mas com eles não se compra a saúde. Eu penso que com dinheiro contratam-se os melhores médicos do mundo, mas a ciência não vence a morte. Pode até adiá-la, mas nunca vencê-la. Nem os melhores cientistas inventaram ainda uma vacina contra o câncer, nem remédio para curá-lo sem tanto sofrimento. Muitos lutam e sofrem horrores com esta doença e acabam morrendo por causa dela. Só oração é que tem curado algum e ás vezes por pouco tempo, pois sempre estão em tratamento. Rezo muito para Sagrada Face e Divino Espírito Santo iluminar que o anjo da guarda dos cientistas, fazer com que eles descubram um medicamento para curar sem sofrimento ou uma vacina para acabar de vez com esta triste doença.

SONO
O sono é ótimo descanso para o nosso corpo, cabeça e espírito. Quando estou dormindo, não sinto medo de nada. Não tenho tristeza, dor, nem maus pensamentos. Não devo ninguém. Sou feliz mesmo que minha vida tenha alguns problemas. Não vejo e nem sinto nada.

SONHO
Agora vou falar do sonho. Este só acontece quando estou dormindo. Muitas vezes sonho que sou criança e estou brincando com os meninos de minha idade. Sonho que sou adolescente, meio sem juízo, mas muito feliz. Sonho que sou jovem e que arrumei meu primeiro namorado e muita coisa boa que quando eu acordo, ficou só no sonho. Não tenho superstição pensando que vai acontecer o que eu sonhei. Tenho sonhado com coisas tristes... Fico sofrendo muito no sonho. Existem pessoas que acreditam que vai acontecer aquilo que você sonhou. Pensa bem: se eu sonhar que estou rica e acordar rica, que ótimo! E se sonhar que estou no inferno e acordar nele? Cruz credo! Ainda bem que ficou só no sonho. Acordei, acabou. Só São José sonhava com coisas que tinham acontecido e iam acontecer. O anjo da guarda, guiado por Deus, o avisava. Quem sou eu para me comparar com São José?

SILÊNCIO
Continuando com as palavras com S, vem o silêncio. Que bom quando estou estudando, escrevendo ou mesmo sem fazer nada e se faz um silêncio. Nem barulho de buzina, cantar de pneus no asfalto, gritaria de gente fazendo propagandas políticas ou outras. Som alto, fogos estourando, trovões... Este é mais triste ainda, porque tenho medo. Gosto muito do silêncio e ele está sumindo cada dia mais. Este não consigo comprar, mesmo que fosse a pessoa mais rica do mundo.

SEGREDO
Já vem o segredo que é fácil. Este devo guardar só comigo. Se for algo que ninguém pode saber, então não existe amigo, nem parente que eu possa confiar. Se é meu, é só meu! É seu, só seu!

SAUDADE
Vou falar da sexta palavra, a saudade. Esta é triste... Ás vezes faz chorar, às vezes faz rir. Eu sinto saudade da casa onde nasci, cresci e vivi por muitos anos. Era feita de madeira e barro, piso de chão bruto onde não precisava ter medo de escorregar, pois não era encerada. Não tinha tapetes para embaraçar os pés... Era a maior felicidade viver ali! Sinto saudade de meus irmãos pequenos, todos reunidos... De mamãe que rezava o terço em família, ensinando a gente a rear. Saudade dos meus primeiros colegas de escola, dos primeiros cadernos, lápis, borracha que usei... Do primeiro uniforme que vesti, da única sala de aula e primeira e única professora que tive. Das rodas que brinquei, bailes que frequentei, das fogueiras de Santo Antônio, São João e São Pedro. As simpatias que fazia para saber com quem ia me casar. Dos terços no cruzeiro, das colegas na adolescência. Saudades dos parentes que já foram para o andar de cima. Saudades do primeiro namorado, do primeiro beijo e abraço. Do meu primeiro emprego que arrumei, do primeiro relógio de pulso que comprei com o dinheiro que meu primo me emprestou e o perdi quando estudava em Florestal. Da primeira aula que lecionei, das primeiras férias que tirei depois que comecei a trabalhar com professora. Até do meu casamento, apesar de ter sofrido, tive muita felicidade. Deus me presenteou com oito filhos... Hoje são todos casados, moram em lugares diferentes, mas posso vê-los sempre e telefonar até todos os dias para saber e dar notícias. Sinto saudades de dois filmes que assisti na cidade de Pitangui. São eles: Redenção sangrenta e Uma bala para Ringo. Fui com o melhor amigo que existiu em toda minha vida... Hoje também partiu para o andar de cima.

SOLIDÃO
A sétima e última palavra que gosto é a solidão. Para muitos parece um bicho de sete cabeças... Eu, porém, moro sozinha e não me sinto só. Sempre ocupo meu tempo rezando terços sozinha ou com os padres na televisão e rádio. Já decorei uns dezoito ou vinte salmos. Gosto muito de rezá-los. Não deixo de rezar o Evangelho do dia e muitas orações que faço para mim, para minha família e para quem pede e confia nas minhas preces. Não sou viciada em solidão. Se deixar, ela toma conta da gente. É o mesmo que viciar em outra coisa qualquer como álcool, fumo e tantas coisas piores. Nunca pode se dizer que solidão é para quem não serve mais para nada. Eu tenho amigos e amigas que me procuram e sempre telefono para tantos... Á noite gosto de escrever, ler, ouvir rádio, para chegar mais depressa a hora de dormir. Quando vou deitar, nunca deixo de rezar a oração que aprendi com minha mãe ainda pequena e não esqueci até hoje. Dou boa noite ao Sagrado Coração de Jesus e Maria, rezo o Credo, Um Pai Nosso, uma Ave Maria e Salve rainha, pedindo que protejam meu corpo e alma. Sento na cama e rezo a oração que aprendi com mamãe.

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Maria Verônica01/01/2014

Escrevo porque gosto muito. Escrevendo, arejo minha cabeça, não tenho maus pensamentos, nem fico me lembrando de macacoas que às vezes sinto. Quero dizer as doenças que chegam com a idade.
Escrevo mesmo por gostar. Sei que nunca serei uma escritora famosa ou mesmo conhecida em nenhum estado, nem na cidade onde nasci, Pará de Minas, um pedacinho do estado de Minas Gerais. Mas eu mesma me acho muito famosa, pois tenho coragem de escrever o que penso. Sinto e escrevo as poesias e textos. Vou com meus escritos formando pequenos livros. Muitos parentes, amigos tem lido alguns deles e parecem gostar. Sei que alguns me criticam, mas isto até me ajuda a melhorar um pouco.
Escrevendo vou recordando o passado e vivendo meus dias sem me preocupar com a vida alheia. O que passei de bom, sinto saudades. O s piores momentos que vivi, agradeço a Deus por ter me dado forças para vencê-los.
Amo de coração este Brasil tão querido e este pedaço de terra onde nasci. De outros estados, nada conheço. Só visitei Aparecida do norte umas três ou quatro vezes. É um pedacinho do céu aquele lugar! Se quando passar para o outro lado, encontrar um cantinho igual Aparecida do norte, serei feliz eternamente.
Mas penso que segredo de Deus não será descoberto por ninguém aqui na terra. Nem os maiores cientistas, nem mesmo O Santo Papa com tanta sabedoria e santidade, pois o céu é o maior segredo de Deus. Acho que teremos muitas surpresas quando passarmos para o outro lado.
Agradeço meus familiares que me convidam tanto para viajar, mas gosto de ficar mesmo é na minha casa.
Seja campeão Brasil! Saúde e feliz 2014 para todos!

a

Maria Verônica18/01/2012

Olá amiga, como vai? Espero que entre você e os seus, tudo seja paz, saúde e felicidade.
Faz tanto tempo que não nos encontramos para colocarmos nosso passado no presente.. Sabe? Andei por aqueles lados onde moramos, senti saudades do nosso tempo de criança, quando caminhávamos para a escola todos os dias, caminhada longa, mas gostosa. Não tinha ônibus, nem carro e nem cavalo, era mesmo no dedão e sem chinelo, pois a pobreza era muita, não é mesmo?
E o córrego por onde pescávamos com peneira, balaio e até mesmo com panela suja de comida, se lembra? Agora está todo sujo, é só poluição. Aquele poço grande, onde a gente pulava! Está seco.
A escolinha pequena, nem pode imaginar, fizeram um prédio; mesmo assim ninguém quer estudar. Só sei que quando saímos da escola foi triste, ficou a saudade da professora, muito simples, mas um anjo de pessoa.
Depois ficamos moças e já era diferente, íamos à capela, aos terços, bailes ou nas casas das amigas para conversarmos sobre o rapaz mais bonito e coisas assim. Hoje é diferente as garotas e os garotos só falam em “ficar”, sei lá o que é isso. Namoramos muito, até encontramos a pessoa certa para casamento.
Hoje temos filhos, netos e eu já estou querendo um bisneto, está demorando a chegar.
Moro sozinha, tem dia que o portão fica fechado o dia todo, não aparece ninguém. Os filhos são ótimos, mas parecem beija-flor, chegam e saem na mesma hora, é uma vida corrida, ninguém tem tempo. Sabe o que faço para espantar a solidão? Escrevo, e assim vou formando poemas que podem ser lidos ou cantados, num ritmo sertanejo.
Olha, vou parar por aqui. Se fosse escrever tudo que sinto e sei de nós, gastaria muitos cadernos. Muitos e muitos abraços para você amiga, que também deve precisar de ajuda para sair, não é? Até breve.

(Introdução do Livro MINHA TERRA)

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