Maria Verônica29/04/2017
Estou desde manhã
Pensando o que vou falar,
Eu gosto dessa mulher
Mas não vou encontrar.
Ela quer dinheiro
Onde vou tirar?
Eu não tenho carro
Ela quer viajar.
O carro emprestado
Consigo arrumar,
Mas a gasolina
Com que vou pagar?
No sofá da sala
Eu fico deitado.
A mamãe me adula
Papai tem xingado
Hoje ele é aposentado.
Eu procuro emprego
Não tenho encontrado,
Deixei os estudos
Eu não sou formado.
Trabalhar no campo
Eu acho pesado.
Só saio de casa
Pra ir jogar baralho,
Se a casa é longe
Vou pegando atalho.
Eu não ando a noite
Porque tem orvalho.
Tenho um bom amigo
Que me dá carona, quebra o galho.
Falam certas coisas
Eu me atrapalho,
Dizem que procuro:
quem inventou o trabalho.
a
Maria Verônica29/04/2017
Amigo da cidade, venho convidar-te
Pra passar na roça uns dias comigo,
Conhecer a terra onde eu nasci
Também o ranchinho onde me abrigo.
Sei que na cidade tem coisas bonitas
Mas aqui onde moro, tem mais beleza.
Pois na cidade tudo é construído
O que tem na roça é dom da natureza.
Vem ver de manhã a fumaça branca
Cobrindo o ranchinho lá no alto da serra.
Aqui na roça, nossa previsão:
Neblina no alto é chuva na terra.
Espero você com sua família
Pra ver como é lindo o entardecer.
Parece um filme que Deus coloriu
Não é proibido todos podem ver.
Não precisa ter medo de escuridão
Aqui também temos eletricidade.
Eu sempre ligo a televisão
Pra ficar sabendo se tem novidade.
Aqui na roça é um pedaço do céu,
Como protetora tem Virgem Maria
O guarda noturno é o Sinal da Cruz
Nos protege a noite e durante o dia.
a
Maria Verônica22/04/2017
Num piscar de olhos a vida muda
Me vejo sozinho aqui neste bar,
Não vejo mais aquela mulher
Que um dia chorando veio me falar:
Quero um amigo que não seja falso
Estou precisando é desabafar,
Por favor eu peço: não pergunte o meu nome
E nem porque estou neste lugar.
Então eu fiz como ela pediu
E fiquei calado para escutar.
Passaram semanas, meses e ano inteiro,
Naquele lugar a gente se encontrando.
Ela pediu pra não falar de amor
Notou que eu estava me apaixonando.
Quando estava no efeito da bebida
A sua vida aos poucos ia contando.
Com seu passado não me importava
No meu pensamento ela estava me usando.
Gostava mesmo era daquele vinho
Que todos dias eu ia pagando.
Um certo dia dali fui fugindo
E só pensando com quem vou falar.
Mas a saudade me deixava louco
Voltei atrás dela, neste mesmo bar.
O garçom me viu e foi avisando:
Ela foi pra longe e não vai voltar,
Falou que te amava com sinceridade
Não teve coragem de te revelar.
Agora sou eu que procuro um amigo
Com disposição para me escutar.
a
Maria Verônica06/04/2017
Neste ano de 2016 está completando 40 anos que alcancei esta graça. Meu filho tinha 7 anos e desde os 3 ele sofria desmaios, daqueles mais tristes. Cerrava o queixo e mordia a língua, que até sangrava. Ficava parecendo que estava morto e tinha que tomar a injeção de gardenal para voltar o sentido. Nós morávamos a mais de dez quilômetros da cidade de Pará de Minas, as estradas eram péssimas e também era difícil arrumar condução para chegar com ele ao hospital, pois a injeção só podia ser aplicada lá.
Um dia, meu marido disse: vou levar este menino no Padre Libério para pedir uma benção. Levamos, e o Padre Libério rezou com o nosso filho e deu uma benção, dizendo: não vai mais sofrer desmaios, pela Sagrada Família está curado. Realmente nunca mais sofreu desmaios. Aquele menino que por ele foi abençoado, completou em janeiro de 2016, 47 anos e, é um homem forte e sadio.
Essa graça aconteceu, quando o Padre Libério morava em uma casa perto da Igreja de Nossa Senhora das Graças e quase já não saia do quarto. Depois disso, o médico que visitava as comunidades rurais naquele tempo e que cuidava do meu filho me disse: ‘vou dar a receita do gardenal’, remédio que usava diariamente, e mesmo assim ainda sofria as crises, que só melhorava com a injeção. E completou: ‘ele esta curado, mas compra o remédio e guarda, para a senhora ficar mais tranquila, mas não precisa usar, só se ele queixar de dor na nuca’. Graças ao bom Deus, nunca sentiu mais nada. Fico pensando que o anjo da guarda de Padre Libério até comunicou com o anjo da guarda de Dr. Nermival, o médico que visitava as comunidades rurais, incluindo Aparição, onde morávamos, cuidando dos doentes.
Se Deus quiser vai acontecer a beatificação deste Santo Padre, muito em breve. Quando podia andar, ele foi muitas vezes atender confissões dos doentes nas roças, passando pelos trilhos sujos no meio das capoeiras, pastos por onde andava o gado, em meio a carrapatos, abelhas, maribondos, cobras e espinhos. Vivia com o perigo e no meio do perigo. Naquela época ele já era considerado um santo para nós.
Hoje, rezo mais pela sua beatificação, do que para pedir graças, pois além da graça mencionada, alcançada por mim e meu marido, já alcancei muitas outras que pedi na hora de necessidade. Que Deus abençoe sua santa alma.
.
a
Maria Verônica07/03/2017
Que deu em você agora
Querendo me abandonar?
Eu já sei que vai e volta
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Você quer pisar em mim, pode pisar!
Se você arrepender
Não deixo você entrar.
Eu lhe dei meu sobrenome
Você não agradeceu,
Vive falando de mim
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Eu senti foi pena e limpei o nome seu.
Se você sujar de novo
Quem vai limpar não sou eu.
Sei que vai voltar chorando
Pedindo pra ficar,
Troco a chave do portão.
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
A sola do seu sapato não vai me machucar,
Pode fazer o que quiser
Mas não pense em voltar.
a
Maria Verônica18/02/2017
Da porta de minha casa
Eu vejo a casa sua.
Quando você chega em casa
E quando sai para a rua.
O amor que estou sentindo
Veio igual um furacão,
Parece braseiro aceso
Queimando meu coração.
Esqueceu o juramento
Que me fez naquela hora,
Eu seria seu marido
E você minha senhora.
Fui seguir os meus estudos
Em uma grande cidade
Jurou foi por brincadeira
E eu te amava de verdade.
No dia que me formei
Alegria e sofrimento!
Ela mandou um convite
Pra assistir seu casamento.
Escreveu com letras grandes
Eu não vou te perdoar,
Meu amigo de infância
Fico triste se faltar.
E se isso não bastasse
Ainda aconteceu mais.
Comprou uma linda casa
Bem pertinho de meus pais.
Vou embora pra bem longe
Eu já estou decidido,
Pra não vê-la no jardim
Abraçada com o marido.
a
Maria Verônica06/02/2017
- Bom dia Juarez! Eu vi você só, aqui na esquina, estou também sozinho e vim bater um dedo de prosa. Não sei se sente igual eu aqui na cidade, o dia não passa. De manhã até a noite parece que dura um ano. Com você também é assim Juarez?!
- sim seu Joaquim, a gente que foi nascido e criado na roça, depois de velhos, mudar pra cidade é besteira. Os filhos falam que tem mais recursos, realmente tem! Tem médico mais perto. É só isto que muda na vida da gente. Ah! E fica mais perto do cemitério! O resto é só pra cansar o ouvido da gente, barulho de carro, caminhão, moto, etc.
- Juarez, o falatório do povo em praia, viagem pra todo lado. Cada um quer contar a novidade que viu, até os calangos da praia. E outras coisas que viu no caminho também é lembrado, cruz credo.
- Seu Joaquim, as festanças que fazem hoje em dia, um sábado numa casa, outro na outra casa. Até nos dia de semana tem festa aqui e ali. É cerveja e vinho que movimentam as festas, também churrasco e muitos alimentos enlatados e outras novidades que eles arrumam.
- Isto não é nada Juarez. E os encontros no bar?! Cada dia escolhem um diferente. Até de alimentos crus eles gostam. Se ouvirem nois conversando sobre isto vão falar que é com o dinheiro deles que fazem as festanças.
- É verdade.
- E ainda reclamam que a vida está ruim, muito difícil hoje em dia. Os que vivem em bairro mais pobre, tem restaurante pras crianças alimentar, tem creche pra criar os filhos, porque as mães de hoje põem no mundo, mas quem cria é as creches, pois elas querem é trabalhar pra ganhar seu dinheiro e passear. Pensa bem no meu tempo Juarez e no seu também, as nossas donas trabalhavam na roça, cuidava da casa e criava os filhos. Eu fico pensando se uma dessas madames precisasse comer o arroz, feijão e um molho de mamão verde ou folha de batata, como a gente na roça comia e achava bão quando não faltava. O feijão de corda que plantávamos junto com o milho era uma fartura. Triste era quando o sol muito e fora do tempo, a gente perdia tudo. Então vinha a pobreza, faltando até o alimento. A gente comia angu com couve rasgada, picada de qualquer jeito, quase sem gordura. Não era assim?
- era desse jeito. Pensou se acontecer isto hoje? Vai ser um Deus nos acuda. É separação de casamento na hora. A verdade é que já estão separando por qualquer motivo. Eu tenho até medo de falar mas ainda vai acontecer de casar irmão com irmã. Separa aqui e casa de novo em outra cidade. E como deixou uma cria aqui, deixa outra por lá. E como os jovens de hoje acabam estudando fora, pode acontecer de se conhecerem e ficar gostando um do outro e sem saber que são irmãos.
- Deus nos livre de tanta coisa errada. Vamos caçar jeito de encher o buxo, vem comer na minha casa Juarez. Tenho comida nova, minha filha vem todos os domingos fazer almoço pra mim.
- Obrigado Seu Joaquim, vou fazer um feijão e comer.
- que nada, hoje vai comer comigo. Depois que minha velha morreu a minha filha cuida muito bem de mim. Agora você e sua dona não tiveram filho, ela se foi e você ficou sozinho. Mas pode contar comigo. E vamos lá almoçar.
- está bem Seu Joaquim, prometo não dar muito trabalho pra sua filha. Eu penso, enquanto tiver forças para arrastar os pés, vou morar sozinho. Depois procuro um asilo para terminar meu tempo aqui na terra.
- também penso o mesmo Juarez.
- mas você tem filhos e filhas Seu Joaquim, pode morar com um deles.
- nada disto, não quero dar trabalho para filho e nora, nem para filha e genro. Isto falo com fé, porque não podemos falar: ‘que desta água eu não bebo’, pois as vezes temos que beber lama, espero que não. Somos aposentados para ficar no asilo que passa a receber nossa aposentadoria e a gente ainda ajuda cada mês com um pouco que temos no banco.
- foi uma lei ótima que inventaram, aposentar os velhos. Temos muita coisa ruim, mas tem boas coisas também.
- Entre Juarez, vamos almoçar.
a
Maria Verônica23/01/2017
Na porteira da divisa
Foi que eu te conheci.
Você vinha cavalgando
A porteira eu abri.
Me olhou e foi seguindo
Eu fiquei parado ali,
Só sei que dentro peito
Grande emoção eu senti.
Quando foi no outro dia
Ali tornei a voltar,
Encontrei um bilhetinho
Mas não vi ela passar.
No bilhete explicava
Marcando hora e lugar,
Papai não pode saber
Mas preciso te falar.
Depois do primeiro encontro
Deixamos esclarecido,
Encontrar de vez em quando
Em lugar bem escondido.
Namoro sem formatura
Seu pai tinha proibido,
Este segredo é só nosso
Ficou tudo decidido.
Afinal chegou o dia
Por ela e eu esperado,
Com anel de formatura
Também anel de noivado.
Eu falei com os pais dela
Estamos apaixonados.
O pai disse então meninos!
Deixe o casório marcado.
a
Maria Verônica15/01/2017
O que deu em você agora
Querendo mandar em mim?
Se é pra ficar brigando
Você reclamando assim,
Falando que o casamento
Pode até chegar ao fim.
Não temos casa de rico
Também não é de capim.
Você quer me proibir
Até de jogar baralho.
Não tenho mais diversão
Eu não sou de quebra galho.
É do serviço pra casa
E de casa pro trabalho,
Já vivo com os pés doendo
De tanto andar no cascalho.
Trinta anos de casados
Isto não é brincadeira!
Muito sal comemos juntos
Deixa de falar besteira.
Você deve ter ouvido
Alguma má companheira.
Quero sempre meu baralho
E você pra vida inteira.
a
Maria Verônica09/12/2016
Eu ouço gente falando
Este mundo está virado!
Os brinquedos das crianças
Eu vejo tudo mudado.
Escuto e não falo nada
Porque recordo o passado,
Nossos brinquedos também
Eram muito atrapalhados,
Pulava dentro do poço
Quase morria afogado.
Naqueles trilhos do campo
O lugar que eu passava,
Os galhos baixinho e forte
De dois em dois amarrava.
Quando o povo ia andando
E neles embaraçavam,
Caiam ali no chão
E nome feio gritavam.
Eu ali perto escondido
Do contrário me pegavam.
Crianças brinquem bastante
Estou falando a verdade.
Não devem namorar cedo
E aproveitem sua idade.
Canta, pula, dança e grita
Faz o que tiver vontade,
Pois depois que ficar velho
Ou mesmo na mocidade,
Do seu tempo de criança
Vocês vão sentir saudade.
a
-
Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
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