Maria Verônica07/03/2017
Que deu em você agora
Querendo me abandonar?
Eu já sei que vai e volta
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Você quer pisar em mim, pode pisar!
Se você arrepender
Não deixo você entrar.
Eu lhe dei meu sobrenome
Você não agradeceu,
Vive falando de mim
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Eu senti foi pena e limpei o nome seu.
Se você sujar de novo
Quem vai limpar não sou eu.
Sei que vai voltar chorando
Pedindo pra ficar,
Troco a chave do portão.
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
A sola do seu sapato não vai me machucar,
Pode fazer o que quiser
Mas não pense em voltar.
a
Maria Verônica18/02/2017
Da porta de minha casa
Eu vejo a casa sua.
Quando você chega em casa
E quando sai para a rua.
O amor que estou sentindo
Veio igual um furacão,
Parece braseiro aceso
Queimando meu coração.
Esqueceu o juramento
Que me fez naquela hora,
Eu seria seu marido
E você minha senhora.
Fui seguir os meus estudos
Em uma grande cidade
Jurou foi por brincadeira
E eu te amava de verdade.
No dia que me formei
Alegria e sofrimento!
Ela mandou um convite
Pra assistir seu casamento.
Escreveu com letras grandes
Eu não vou te perdoar,
Meu amigo de infância
Fico triste se faltar.
E se isso não bastasse
Ainda aconteceu mais.
Comprou uma linda casa
Bem pertinho de meus pais.
Vou embora pra bem longe
Eu já estou decidido,
Pra não vê-la no jardim
Abraçada com o marido.
a
Maria Verônica06/02/2017
- Bom dia Juarez! Eu vi você só, aqui na esquina, estou também sozinho e vim bater um dedo de prosa. Não sei se sente igual eu aqui na cidade, o dia não passa. De manhã até a noite parece que dura um ano. Com você também é assim Juarez?!
- sim seu Joaquim, a gente que foi nascido e criado na roça, depois de velhos, mudar pra cidade é besteira. Os filhos falam que tem mais recursos, realmente tem! Tem médico mais perto. É só isto que muda na vida da gente. Ah! E fica mais perto do cemitério! O resto é só pra cansar o ouvido da gente, barulho de carro, caminhão, moto, etc.
- Juarez, o falatório do povo em praia, viagem pra todo lado. Cada um quer contar a novidade que viu, até os calangos da praia. E outras coisas que viu no caminho também é lembrado, cruz credo.
- Seu Joaquim, as festanças que fazem hoje em dia, um sábado numa casa, outro na outra casa. Até nos dia de semana tem festa aqui e ali. É cerveja e vinho que movimentam as festas, também churrasco e muitos alimentos enlatados e outras novidades que eles arrumam.
- Isto não é nada Juarez. E os encontros no bar?! Cada dia escolhem um diferente. Até de alimentos crus eles gostam. Se ouvirem nois conversando sobre isto vão falar que é com o dinheiro deles que fazem as festanças.
- É verdade.
- E ainda reclamam que a vida está ruim, muito difícil hoje em dia. Os que vivem em bairro mais pobre, tem restaurante pras crianças alimentar, tem creche pra criar os filhos, porque as mães de hoje põem no mundo, mas quem cria é as creches, pois elas querem é trabalhar pra ganhar seu dinheiro e passear. Pensa bem no meu tempo Juarez e no seu também, as nossas donas trabalhavam na roça, cuidava da casa e criava os filhos. Eu fico pensando se uma dessas madames precisasse comer o arroz, feijão e um molho de mamão verde ou folha de batata, como a gente na roça comia e achava bão quando não faltava. O feijão de corda que plantávamos junto com o milho era uma fartura. Triste era quando o sol muito e fora do tempo, a gente perdia tudo. Então vinha a pobreza, faltando até o alimento. A gente comia angu com couve rasgada, picada de qualquer jeito, quase sem gordura. Não era assim?
- era desse jeito. Pensou se acontecer isto hoje? Vai ser um Deus nos acuda. É separação de casamento na hora. A verdade é que já estão separando por qualquer motivo. Eu tenho até medo de falar mas ainda vai acontecer de casar irmão com irmã. Separa aqui e casa de novo em outra cidade. E como deixou uma cria aqui, deixa outra por lá. E como os jovens de hoje acabam estudando fora, pode acontecer de se conhecerem e ficar gostando um do outro e sem saber que são irmãos.
- Deus nos livre de tanta coisa errada. Vamos caçar jeito de encher o buxo, vem comer na minha casa Juarez. Tenho comida nova, minha filha vem todos os domingos fazer almoço pra mim.
- Obrigado Seu Joaquim, vou fazer um feijão e comer.
- que nada, hoje vai comer comigo. Depois que minha velha morreu a minha filha cuida muito bem de mim. Agora você e sua dona não tiveram filho, ela se foi e você ficou sozinho. Mas pode contar comigo. E vamos lá almoçar.
- está bem Seu Joaquim, prometo não dar muito trabalho pra sua filha. Eu penso, enquanto tiver forças para arrastar os pés, vou morar sozinho. Depois procuro um asilo para terminar meu tempo aqui na terra.
- também penso o mesmo Juarez.
- mas você tem filhos e filhas Seu Joaquim, pode morar com um deles.
- nada disto, não quero dar trabalho para filho e nora, nem para filha e genro. Isto falo com fé, porque não podemos falar: ‘que desta água eu não bebo’, pois as vezes temos que beber lama, espero que não. Somos aposentados para ficar no asilo que passa a receber nossa aposentadoria e a gente ainda ajuda cada mês com um pouco que temos no banco.
- foi uma lei ótima que inventaram, aposentar os velhos. Temos muita coisa ruim, mas tem boas coisas também.
- Entre Juarez, vamos almoçar.
a
Maria Verônica23/01/2017
Na porteira da divisa
Foi que eu te conheci.
Você vinha cavalgando
A porteira eu abri.
Me olhou e foi seguindo
Eu fiquei parado ali,
Só sei que dentro peito
Grande emoção eu senti.
Quando foi no outro dia
Ali tornei a voltar,
Encontrei um bilhetinho
Mas não vi ela passar.
No bilhete explicava
Marcando hora e lugar,
Papai não pode saber
Mas preciso te falar.
Depois do primeiro encontro
Deixamos esclarecido,
Encontrar de vez em quando
Em lugar bem escondido.
Namoro sem formatura
Seu pai tinha proibido,
Este segredo é só nosso
Ficou tudo decidido.
Afinal chegou o dia
Por ela e eu esperado,
Com anel de formatura
Também anel de noivado.
Eu falei com os pais dela
Estamos apaixonados.
O pai disse então meninos!
Deixe o casório marcado.
a
Maria Verônica15/01/2017
O que deu em você agora
Querendo mandar em mim?
Se é pra ficar brigando
Você reclamando assim,
Falando que o casamento
Pode até chegar ao fim.
Não temos casa de rico
Também não é de capim.
Você quer me proibir
Até de jogar baralho.
Não tenho mais diversão
Eu não sou de quebra galho.
É do serviço pra casa
E de casa pro trabalho,
Já vivo com os pés doendo
De tanto andar no cascalho.
Trinta anos de casados
Isto não é brincadeira!
Muito sal comemos juntos
Deixa de falar besteira.
Você deve ter ouvido
Alguma má companheira.
Quero sempre meu baralho
E você pra vida inteira.
a
Maria Verônica09/12/2016
Eu ouço gente falando
Este mundo está virado!
Os brinquedos das crianças
Eu vejo tudo mudado.
Escuto e não falo nada
Porque recordo o passado,
Nossos brinquedos também
Eram muito atrapalhados,
Pulava dentro do poço
Quase morria afogado.
Naqueles trilhos do campo
O lugar que eu passava,
Os galhos baixinho e forte
De dois em dois amarrava.
Quando o povo ia andando
E neles embaraçavam,
Caiam ali no chão
E nome feio gritavam.
Eu ali perto escondido
Do contrário me pegavam.
Crianças brinquem bastante
Estou falando a verdade.
Não devem namorar cedo
E aproveitem sua idade.
Canta, pula, dança e grita
Faz o que tiver vontade,
Pois depois que ficar velho
Ou mesmo na mocidade,
Do seu tempo de criança
Vocês vão sentir saudade.
a
Maria Verônica26/11/2016
Eu vivia tão feliz
Vendo você a meu lado.
Hoje não sou ninguém
Pois estamos separados.
O nosso amor é tão grande
Eu te amo e sou amado,
Só não sei porque motivo
Me deixou abandonado.
O meu nome está gravado
No anel que traz no dedo.
Eu sei que chora por mim
Também choro em segredo.
Eu sinto a cama gelada
Sua ausência me dá medo,
Se durmo é de madrugada
E acordo muito cedo.
Se estou errado, perdoa!
Se errou já perdoei.
Enfrento tudo na vida
Mas sem ti não viverei.
Peço pra voltar depressa
Do contrário morrerei,
Aprendi tudo no mundo
Mas te esquecer, eu não sei!
a
Maria Verônica18/11/2016
Saudade mora no peito
Vai continuar morando,
Eu não vou correr atrás
Se ela está me desprezando.
Sei que ninguém vai vencer
O meu jeito de machão,
Mesmo que faça retalho
Do meu pobre coração.
Amor a gente não compra
E nem chora pra ganhar.
Ela está vendendo caro
Pensando que vou comprar.
Me mandou até recado
Explicando a verdade,
Pode até voltar pra mim
Se eu mudar pra cidade.
Dei até uma gargalhada
E bati o pé no chão
Sou uma madeira de lei
Que nasceu neste sertão.
Ela também é daqui
Nunca morou na cidade
Passou uns dias por lá,
Voltou cheia de vaidade.
Eu vivo aqui na roça
Plantando para colher.
Muitas vezes, sol ou chuva
Faz minha safra perder.
Amor também é assim
Destrói igual tempestade,
Quando os dois não se entendem
No peito mora a saudade.
.
a
Maria Verônica11/11/2016
Não falo mal do outro
Pra de mim ninguém falar.
Mas vejo certas coisas
Difícil de aguentar.
Muitas vezes travo a língua
Pra ela não se soltar,
Tem coisas que o povo faz
Que não dá pra se calar.
Depois que morre o coitado
É que vão homenagear.
Enquanto o sujeito vive
Por muitos é desprezado,
No dia que ele morre
Vem gente de todo lado.
E tem gente que ainda chora
Mas é só pra ser notado.
Fica bem perto do caixão
Para ser cumprimentado,
Dizendo era tão bom
Morreu um pobre coitado.
Quando morre um cantor
Pouca gente o conhecia.
Lutando gravou um CD
Só a família sabia,
Porque nem uma emissora
Tocou sua melodia.
Mas quando o coitado morre
Toca o CD noite e dia.
Mesmo querendo pagar
Sua canção ninguém ouvia.
O dia que a gente morre
Também morre o ouvido.
Pra que prestar homenagem
Isto é tempo perdido.
Quanto tempo ele esperou
Ouvir o CD querido.
Costume que o povo tem
Agradar os falecidos,
Tem ruas, bairros e escolas
Com nome desconhecido.
a
Maria Verônica01/11/2016
Todo mundo tem seu jeito
Todos tem sua vontade,
Muitos gostam é da roça
Outros vivem na cidade.
Cada um tem seu valor
Isto eu falo a verdade.
Os dois precisam um do outro
Isto não pode negar.
O que se colhe no campo
Cidadão tem que comprar,
E o que falta pro roceiro
Na cidade vai buscar.
Roceiro planta de tudo
É pesada sua lida,
Ainda engorda animais
Pra completar a comida.
Vive feliz no seu canto
Com a família reunida,
As coisinhas que não colhe
Vai na cidade comprar,
E também a gasolina
Porque não pode plantar.
E os tecidos pra roupa
Que não sabem fabricar.
Todos tem o seu valor
Os da roça e os da cidade,
Cada um na sua lida
Tem a sua utilidade.
Viver com educação
E com muita humildade.
Quando Jesus veio ao mundo
Não deixou separação,
Fosse pobre ou fosse rico
Ele dava seu perdão.
Ensinou que neste mundo
Todos nós somos irmãos.
a
-
Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
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