FILHO REJEITADO

Maria Verônica02/04/2025

Eu não conheço meus pais,
se são vivos ou falecidos.
Quando me abandonaram,
eu era um recém-nascido.
Me deixaram na igreja,
fizeram isso escondido.
Alguém me levou pro asilo,
de filhos esquecidos.

Me criaram com carinho,
eu fui crescendo e notava:
será que não tenho pai?
Pra mim mesmo eu perguntava.
O tempo ia passando,
e ninguém me procurava.
Ali mesmo eu estudei,
também ali trabalhava.

O diretor era um padre,
cheguei perto sem temer:
— O senhor sabe se tenho pai?
Tenho o direito de saber.
Respondeu: — Sobre família,
nada tenho pra dizer.
Na igreja te encontrei,
te batizei e te vi crescer.

Abracei o padre e agradeci,
pra ele disse: "Eu vou andar."
Na roça, na carvoeira,
hoje, feliz, vivo a trabalhar.
No asilo já avisei:
"Ganho bem, quero ajudar."
Não ponha filho no mundo
pra depois abandonar.