ESTRADA ESQUECIDA
Maria Verônica09/08/2024
Já depois de muitos anos,
então hoje eu resolvi
voltar lá no povoado
e ver a casa onde vivi.
A estrada era poeira
pra gente chegar ali,
andei de um lado para o outro,
pois o lugar eu perdi.
Só encontrei muro alto
e a bica d'água eu não vi;
nem o telhado da casa
avistar eu consegui.
Já não parece ser roça,
está toda transformada,
parece mesmo cidade,
as casas todas muradas.
Somente não consertaram
aquela velha estrada;
é a mesma onde passavam
tocando grande boiada.
Acho que foi esquecida,
não tem um palmo asfaltada;
quando chove vira lama,
com sol, poeira e mais nada.
Fui ver como a igreja está linda,
e um moço ali descansava.
O grupo escolar, todo fechado,
lugar onde eu trabalhava.
Eu fui também no cruzeiro,
onde muito eu rezava;
quando vinha a chuva forte,
o meu rosário eu pegava.
Pedia pra Santa Cruz,
e ela me ajudava:
trovoada ia acalmando
e a tempestade passava.
Tem quase quarenta anos
que essa terra eu deixei.
Por aqui eu trabalhava
e os meus filhos criei.
Por muitas vezes sorria,
por muitas vezes chorei.
Rezo por quem me ajudou
nas horas que precisei.
Daqui não levo saudade,
minhas riquezas levei:
é o suor do meu trabalho
e os filhos que eu ganhei.
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Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
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