Maria Verônica29/04/2017
Estou desde manhã
Pensando o que vou falar,
Eu gosto dessa mulher
Mas não vou encontrar.
Ela quer dinheiro
Onde vou tirar?
Eu não tenho carro
Ela quer viajar.
O carro emprestado
Consigo arrumar,
Mas a gasolina
Com que vou pagar?
No sofá da sala
Eu fico deitado.
A mamãe me adula
Papai tem xingado
Hoje ele é aposentado.
Eu procuro emprego
Não tenho encontrado,
Deixei os estudos
Eu não sou formado.
Trabalhar no campo
Eu acho pesado.
Só saio de casa
Pra ir jogar baralho,
Se a casa é longe
Vou pegando atalho.
Eu não ando a noite
Porque tem orvalho.
Tenho um bom amigo
Que me dá carona, quebra o galho.
Falam certas coisas
Eu me atrapalho,
Dizem que procuro:
quem inventou o trabalho.
a
Maria Verônica22/04/2017
Num piscar de olhos a vida muda
Me vejo sozinho aqui neste bar,
Não vejo mais aquela mulher
Que um dia chorando veio me falar:
Quero um amigo que não seja falso
Estou precisando é desabafar,
Por favor eu peço: não pergunte o meu nome
E nem porque estou neste lugar.
Então eu fiz como ela pediu
E fiquei calado para escutar.
Passaram semanas, meses e ano inteiro,
Naquele lugar a gente se encontrando.
Ela pediu pra não falar de amor
Notou que eu estava me apaixonando.
Quando estava no efeito da bebida
A sua vida aos poucos ia contando.
Com seu passado não me importava
No meu pensamento ela estava me usando.
Gostava mesmo era daquele vinho
Que todos dias eu ia pagando.
Um certo dia dali fui fugindo
E só pensando com quem vou falar.
Mas a saudade me deixava louco
Voltei atrás dela, neste mesmo bar.
O garçom me viu e foi avisando:
Ela foi pra longe e não vai voltar,
Falou que te amava com sinceridade
Não teve coragem de te revelar.
Agora sou eu que procuro um amigo
Com disposição para me escutar.
a
Maria Verônica07/03/2017
Que deu em você agora
Querendo me abandonar?
Eu já sei que vai e volta
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Você quer pisar em mim, pode pisar!
Se você arrepender
Não deixo você entrar.
Eu lhe dei meu sobrenome
Você não agradeceu,
Vive falando de mim
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
Eu senti foi pena e limpei o nome seu.
Se você sujar de novo
Quem vai limpar não sou eu.
Sei que vai voltar chorando
Pedindo pra ficar,
Troco a chave do portão.
Desta vez é diferente,
Não faz nada de repente.
A sola do seu sapato não vai me machucar,
Pode fazer o que quiser
Mas não pense em voltar.
a
Maria Verônica18/02/2017
Da porta de minha casa
Eu vejo a casa sua.
Quando você chega em casa
E quando sai para a rua.
O amor que estou sentindo
Veio igual um furacão,
Parece braseiro aceso
Queimando meu coração.
Esqueceu o juramento
Que me fez naquela hora,
Eu seria seu marido
E você minha senhora.
Fui seguir os meus estudos
Em uma grande cidade
Jurou foi por brincadeira
E eu te amava de verdade.
No dia que me formei
Alegria e sofrimento!
Ela mandou um convite
Pra assistir seu casamento.
Escreveu com letras grandes
Eu não vou te perdoar,
Meu amigo de infância
Fico triste se faltar.
E se isso não bastasse
Ainda aconteceu mais.
Comprou uma linda casa
Bem pertinho de meus pais.
Vou embora pra bem longe
Eu já estou decidido,
Pra não vê-la no jardim
Abraçada com o marido.
a
Maria Verônica23/01/2017
Na porteira da divisa
Foi que eu te conheci.
Você vinha cavalgando
A porteira eu abri.
Me olhou e foi seguindo
Eu fiquei parado ali,
Só sei que dentro peito
Grande emoção eu senti.
Quando foi no outro dia
Ali tornei a voltar,
Encontrei um bilhetinho
Mas não vi ela passar.
No bilhete explicava
Marcando hora e lugar,
Papai não pode saber
Mas preciso te falar.
Depois do primeiro encontro
Deixamos esclarecido,
Encontrar de vez em quando
Em lugar bem escondido.
Namoro sem formatura
Seu pai tinha proibido,
Este segredo é só nosso
Ficou tudo decidido.
Afinal chegou o dia
Por ela e eu esperado,
Com anel de formatura
Também anel de noivado.
Eu falei com os pais dela
Estamos apaixonados.
O pai disse então meninos!
Deixe o casório marcado.
a
Maria Verônica15/01/2017
O que deu em você agora
Querendo mandar em mim?
Se é pra ficar brigando
Você reclamando assim,
Falando que o casamento
Pode até chegar ao fim.
Não temos casa de rico
Também não é de capim.
Você quer me proibir
Até de jogar baralho.
Não tenho mais diversão
Eu não sou de quebra galho.
É do serviço pra casa
E de casa pro trabalho,
Já vivo com os pés doendo
De tanto andar no cascalho.
Trinta anos de casados
Isto não é brincadeira!
Muito sal comemos juntos
Deixa de falar besteira.
Você deve ter ouvido
Alguma má companheira.
Quero sempre meu baralho
E você pra vida inteira.
a
Maria Verônica09/12/2016
Eu ouço gente falando
Este mundo está virado!
Os brinquedos das crianças
Eu vejo tudo mudado.
Escuto e não falo nada
Porque recordo o passado,
Nossos brinquedos também
Eram muito atrapalhados,
Pulava dentro do poço
Quase morria afogado.
Naqueles trilhos do campo
O lugar que eu passava,
Os galhos baixinho e forte
De dois em dois amarrava.
Quando o povo ia andando
E neles embaraçavam,
Caiam ali no chão
E nome feio gritavam.
Eu ali perto escondido
Do contrário me pegavam.
Crianças brinquem bastante
Estou falando a verdade.
Não devem namorar cedo
E aproveitem sua idade.
Canta, pula, dança e grita
Faz o que tiver vontade,
Pois depois que ficar velho
Ou mesmo na mocidade,
Do seu tempo de criança
Vocês vão sentir saudade.
a
Maria Verônica26/11/2016
Eu vivia tão feliz
Vendo você a meu lado.
Hoje não sou ninguém
Pois estamos separados.
O nosso amor é tão grande
Eu te amo e sou amado,
Só não sei porque motivo
Me deixou abandonado.
O meu nome está gravado
No anel que traz no dedo.
Eu sei que chora por mim
Também choro em segredo.
Eu sinto a cama gelada
Sua ausência me dá medo,
Se durmo é de madrugada
E acordo muito cedo.
Se estou errado, perdoa!
Se errou já perdoei.
Enfrento tudo na vida
Mas sem ti não viverei.
Peço pra voltar depressa
Do contrário morrerei,
Aprendi tudo no mundo
Mas te esquecer, eu não sei!
a
Maria Verônica18/11/2016
Saudade mora no peito
Vai continuar morando,
Eu não vou correr atrás
Se ela está me desprezando.
Sei que ninguém vai vencer
O meu jeito de machão,
Mesmo que faça retalho
Do meu pobre coração.
Amor a gente não compra
E nem chora pra ganhar.
Ela está vendendo caro
Pensando que vou comprar.
Me mandou até recado
Explicando a verdade,
Pode até voltar pra mim
Se eu mudar pra cidade.
Dei até uma gargalhada
E bati o pé no chão
Sou uma madeira de lei
Que nasceu neste sertão.
Ela também é daqui
Nunca morou na cidade
Passou uns dias por lá,
Voltou cheia de vaidade.
Eu vivo aqui na roça
Plantando para colher.
Muitas vezes, sol ou chuva
Faz minha safra perder.
Amor também é assim
Destrói igual tempestade,
Quando os dois não se entendem
No peito mora a saudade.
.
a
Maria Verônica11/11/2016
Não falo mal do outro
Pra de mim ninguém falar.
Mas vejo certas coisas
Difícil de aguentar.
Muitas vezes travo a língua
Pra ela não se soltar,
Tem coisas que o povo faz
Que não dá pra se calar.
Depois que morre o coitado
É que vão homenagear.
Enquanto o sujeito vive
Por muitos é desprezado,
No dia que ele morre
Vem gente de todo lado.
E tem gente que ainda chora
Mas é só pra ser notado.
Fica bem perto do caixão
Para ser cumprimentado,
Dizendo era tão bom
Morreu um pobre coitado.
Quando morre um cantor
Pouca gente o conhecia.
Lutando gravou um CD
Só a família sabia,
Porque nem uma emissora
Tocou sua melodia.
Mas quando o coitado morre
Toca o CD noite e dia.
Mesmo querendo pagar
Sua canção ninguém ouvia.
O dia que a gente morre
Também morre o ouvido.
Pra que prestar homenagem
Isto é tempo perdido.
Quanto tempo ele esperou
Ouvir o CD querido.
Costume que o povo tem
Agradar os falecidos,
Tem ruas, bairros e escolas
Com nome desconhecido.
a
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Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
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