Maria Verônica19/05/2016
Na terra onde nasci
Passei a semana inteira,
Já vi a destruição
Quando cheguei na porteira.
Alguém a jogou no chão
E pôs fogo na madeira,
As ervas de passarinho
Destruiu a laranjeira.
Jogaram fogo no pasto
E queimou minha palmeira,
Brotou só galho de espinho
Na estrada boiadeira.
Vejo a cerca do curral
Cobriu toda de cipó.
Até o fogão de lenha
Querido de minha avó,
Cupim ali faz morada
E está de fazer dó.
Nas tardes, não mais escuto
Nem o cantar do socó,
Pois o brejo onde moravam
Secou tudo e virou pó.
Até o pé da figueira
Já resta um galho só.
Ainda muito criança
Eu morei neste lugar.
Arrendamos a fazenda
Pra em outra trabalhar,
Porque aqui não tinha escola
Papai quis nos estudar.
Estamos todos formados
E pretendemos voltar,
Quem arrendou, destruiu tudo!
Queremos recomeçar
Porque a fazenda velha
Não pode desmoronar.
a
Maria Verônica12/05/2016
Me aproximo de Jesus
Para fazer os meus pedidos,
Se é coisa que preciso
Por ele sou atendido.
Eu vou sempre a Igreja
Jesus vivo encontro lá.
Falo mesmo com carinho
Eu nunca estou sozinho
Onde estou, Jesus está.
A casa que eu morava
Em tapera transformou.
Eu estava reformando
O dinheiro se acabou.
Vou esperar outra safra
Não demora pra chegar,
Eu até já fiz o plano
Vou colher muito este ano
E a reforma terminar.
Ver a casa arrumadinha
Este é o sonho meu.
Comprei parte dos irmãos
Herança que o pai nos deu.
Quando eu ver tudo acabado
Pra roça posso voltar.
Vivendo aqui na cidade,
Quase morro de saudade
Do meu pequeno lugar.
Às vezes sinto vergonha
De pedir tanto a Jesus.
Ele já nos deu a vida
Morreu pregado na cruz.
Vou fazer mais três pedidos
Sei que não vai me negar:
Não deixe faltar saúde,
Encher d’água meu açude
Minha boiada engordar.
a
Maria Verônica17/04/2016
Hoje é seu dia mamãe
alegres vamos cantar
à todas mamães do mundo
eu quero homenagear.
Eu venho te agradecer
por tudo que já fez comigo
parabéns para minha mãe
e pra mães de meus amigos.
Parabéns para mamãe
com muito amor e carinho
que com ternura ensinou-me
dar os primeiros passinhos.
que deste a vida por nós
devemos sempre lembrar,
parabéns mamãe querida
nós viemos lhe desejar.
Eu conheço muitas mães
sofrendo abandonadas
depois dos filhos criados
por eles foram desprezadas.
Chorando a triste saudade
muito doentes e sozinhas
zeladas por mãos alheias
num asilo de velhinhas.
Vou pedir ao criador
ficai com essas velhinhas
que no asilo estão sofrendo
os filhos as deixou sozinhas.
vai meu abraço à senhora
minha mãezinha adorada
abraço, amor e carinho
às mamães abandonadas.
(do Livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica14/04/2016
O que estou escrevendo
Quero que preste atenção,
Eu escrevo com saudades
Dentro do meu coração.
É para um alguém que cantava,
Tocando seu violão,
Já estava preparando
Pra fazer a gravação.
Deus o chamou de repente
Pra seguir outra missão,
Era o cantor Muriel
Mas o seu nome era João.
Quando ler a poesia
Ninguém precisa chorar,
Ele era muito alegre
Só gostava de cantar.
Seu apelido era feio
Pra vocês eu vou contar,
Quando chegava na festa
Já ouvia alguém falar:
O João Capeta chegou
Já começou a tocar!
Eu vou buscar minha dama
E já começo a dançar!
Éramos oito irmãos.
Dois, Jesus Cristo levou:
O José caminhoneiro
E o João horticultor.
Somente grande saudade
Para nós é o que restou.
E as modas sertanejas
Que com carinho cantou,
O famoso Muriel
Que a tanta gente alegrou.
Ele foi gravar no céu
O CD que tanto sonhou.
a
Maria Verônica07/06/2015
Amar um alguém
E ele te deixar.
Partir pra bem longe
E não mais voltar...
Isto se chama saudade!
Viver num ranchinho
E ter que se mudar,
Saber que a enchente
O fez desabar...
Isto se chama saudade!
Ver a mina d’água
Que do chão brotou,
Agora está seca
Pois ninguém dela cuidou...
Isto se chama saudade!
Dos frutos do campo
Que nada restou,
Pois a natureza
Alguém massacrou...
Isto se chama saudade!
Passou na pobreza
A infância querida,
Se pudesse voltava
Esta fase da vida...
Isto se chama saudade!
Recorda a viola
Que foi destruída
E as serenatas
Jamais esquecidas...
Isto se chama saudade!
Minha juventude
Depressa passou.
Promessas e sonhos
Foi o que restou...
Isto se chama saudade!
Chegando a velhice
Feliz eu estou!
Tristeza e alegria
Tudo se acabou...
Agora eu digo: Isto é felicidade!
a
Maria Verônica10/03/2015
Foi besteira o que fizeste
Só besteira você faz,
Desprezando meu amor
Por causa de outro rapaz.
Ele não quer seu carinho
E já sabes bem porque,
Ele ama é sua amiga
E não gosta de você.
Vive esperando por ele
E eu sempre a te esperar,
O sol nasce e se esconde
Nada de você chegar.
Eu saio pelas estradas
Noite escura e sem lua,
Vou contando as estrelas
Choro de saudades tua.
Já mandei muitas mensagens
E resposta não mandou,
Nem pra dizer a verdade
Que de mim nunca gostou.
Pensei muito e decidi
Vou deixar de ser palhaço,
Tantas meninas bonitas
Esperando meu abraço.
O tempo que te amei
Foi o tempo mais perdido,
Eu procuro uma morena
Que me queira pra marido.
Nós vamos viver felizes
E o passado esquecer,
Se um amor vai, um outro vem
Não preciso mais sofrer.
a
Maria Verônica06/02/2015
Nesta terra onde nasci
Mudou tudo de repente,
Vão dividindo as fazendas
Destruindo as nascentes.
Eu vejo tudo de perto
Daqui nunca estive ausente
As lavouras estão secando,
Sem produzir a semente.
A terra trincou de seca
Onde havia água corrente.
Ribeirão que transbordava
Hoje tem poeira ardente
É tempo de muita chuva
Mas o sol está presente.
Vou pisando em terra bruta
Onde lutei contra enchente,
O povo inventando coisas
Muitos tipos diferente.
Quero ver é fazer chuva
E esfriar este sol quente.
Tem muitos querendo ser
Mais que Deus Onipotente,
Fabricando coisas feias
E a maldade vem na frente.
Eu vivo aqui no meu canto
Levo a vida simplesmente,
Recordo as grandes colheitas
Que faziam nossa gente.
Hoje ninguém enche as tuias
Como enchia antigamente.
Eu sei que os cientistas
Estão muito inteligentes
Fazem alguns medicamentos
Curando muitos doentes,
Os aparelhos sem fios
Onde falo com os parentes.
Queria é saber a vida
Que terei eternamente,
Isto só pertence a Deus
É segredo pra esta gente.
a
Maria Verônica31/01/2015
Eu escrevo porque gosto
Não foi ninguém que mandou,
Aprendi comigo mesmo
Ninguém nunca me ensinou.
O verso vem na cabeça
Escrevendo eu já vou,
Sinto no meu coração
Que muito famoso eu sou.
Tem até gente falando
Que eu quero aparecer,
Vocês estão enganados
Gosto mesmo é de escrever.
Não preciso vender letras
Eu vou já esclarecer,
Nasci de família pobre
Mas ganho bem pra viver.
Quando estou escrevendo
Vejo o mundo diferente,
Sinto até a presença
Dos amigos e dos parentes.
Se deixar tudo de lado
Posso até ficar doente,
Se não vencer a tristeza
A tristeza mata a gente.
Mesmo que falem de mim
Eu não lhes desejo mal,
Não ter fama em sua terra?
Isto é muito natural.
Dê valor pra você mesmo
E leve a vida normal,
Nem Jesus foi aplaudido
Em sua terra natal.
a
Maria Verônica15/01/2015
Estou notando que estou ficando muito aborrecida, implicando com tudo e com todos... Deve ser o mal da idade... Eu acho que sim...
Quando eu era jovem ou mesmo no meu tempo de menina, ajudei muitas e muitas vezes, minha mãe colher a semente de urucum. Preparava, socava no pilão, passava numa peneira bem fina, pra ficar bem fino aquele pó. Nós chamávamos aquilo de corante.
Quando acontecia de comprar macarrão, misturava-se um pouco do pó para ficar bonito, pois não havia dinheiro para a massa de tomate. A família toda comia e achava uma delícia. Eu sempre achava que só mudava a cor do macarrão. Não tinha nenhum sabor diferente. Se colocasse muita quantidade, dava fortes dores de intestino. O corante era puro, não tinha remédio como o comprado hoje.
Nunca gostei muito. Preferia o macarrão branco mesmo!
Não se colocava o pó em feijão, carne ou em outros alimentos como fazem hoje. Cruz credo! Hoje se coloca o pó até nas quitandas, nos salgadinhos, etc. Dizem que é para ficar bonito e saboroso.
Não sei... Deve ser mesmo a idade, pois não sinto sabor nenhum naquela coisa amarelinha! Prefiro branco, feio, mas gostoso! Por enquanto não encontrei o pó amarelo só no pão e em alguns biscoitos.
Vou até escrever o que me aconteceu um dia desses...
Cheguei no restaurante,
Peguei logo uma coxinha.
Quando dei uma mordida
Encontrei logo a coisinha.
Eu deixei ela de lado
Peguei então empadinha.
Parti ela ao meio
Estava muito coradinha.
“Vou comer um pão de queijo”!
Veio logo na ideia minha.
Foi feito com o tal corante
Sem um ovo de galinha.
Pensei: “Pastel é vento e batata
Não matava a fome que eu tinha”.
Resolvi pegar um pão
E ouvi uma voz baixinha:
“Quem come muito isto aí,
Depressa fica gordinha”.
Eu pensei comigo mesma:
“Posso até virar bolinha
Foi nele que encontrei
A cor pura da farinha”.
O que eu não quis, pus no lixo.
Não foi pra fazer gracinha...
É porque não gosto mesmo
Desta coisa amarelinha.
Este pó virou foi moda,
Igual roupa de mocinha.
Pra mim não é novidade,
Conheço desde novinha.
a
Maria Verônica30/11/2014
Andando pela cidade
Vejo as ruas enfeitadas
O povo achando bonito
Eu não vejo graça em nada.
Só não sai do meu sentido
Aquele ipê da estrada
Bem pertinho da porteira
Com flores amareladas.
Amigo vou te falar
Eu tenho a maior certeza
Quando deixei minha terra
Lá deixei toda beleza.
Até mesmo os passarinhos
Aqui cantam com tristeza
Trancados em uma grade
Distantes da natureza.
Eu deixei muitos amigos
E amigas de verdade
Não quis saber de namoro
Pra não sentir mais saudade.
Porque já tinha a certeza
Meu destino era a cidade
Pra fazer gosto aos meus pais
Hoje estou na faculdade.
Meu sonho é viver na roça
E cuidar da plantação,
Olhando as flores do ipê
Colorindo aquele chão.
Eu tenho grande esperança
Que me alegra o coração,
Pois depois que me formar
Voltarei pro meu sertão.
a
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Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
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