Maria Verônica08/02/2012

Já faz muito tempo que deixei a roça
mas sinto saudades daquele lugar
da velha tapera onde eu nasci
e das águas claras pra gente pescar.
A velha escolinha já foi destruída
construíram prédio pro povo estudar.

Cavalo de pau e bola de pano,
o vovô fazia para a meninada
hoje mudou tudo, a bola é de couro
e toda criança faz cavalgada.
E os velhos trilhos por onde passei
progresso chegou, asfaltou a estrada.

Águas encanadas e eletricidade
também já chegaram na região
do pequeno rio só ficou saudades
transformaram tudo em poluição.
Até animais e a passarada
que alegravam tudo, hoje é extinção.

Sempre vou ali para recordar,
a tristeza aperta vou falar a verdade,
encontro os amigos do tempo de escola
a gente comenta sobre as novidades.
Quando chega a tarde vou me despedir
juntos nós choramos de tantas saudades.

(do livro MINHA TERRA)



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Maria Verônica18/01/2012

Olá amiga, como vai? Espero que entre você e os seus, tudo seja paz, saúde e felicidade.
Faz tanto tempo que não nos encontramos para colocarmos nosso passado no presente.. Sabe? Andei por aqueles lados onde moramos, senti saudades do nosso tempo de criança, quando caminhávamos para a escola todos os dias, caminhada longa, mas gostosa. Não tinha ônibus, nem carro e nem cavalo, era mesmo no dedão e sem chinelo, pois a pobreza era muita, não é mesmo?
E o córrego por onde pescávamos com peneira, balaio e até mesmo com panela suja de comida, se lembra? Agora está todo sujo, é só poluição. Aquele poço grande, onde a gente pulava! Está seco.
A escolinha pequena, nem pode imaginar, fizeram um prédio; mesmo assim ninguém quer estudar. Só sei que quando saímos da escola foi triste, ficou a saudade da professora, muito simples, mas um anjo de pessoa.
Depois ficamos moças e já era diferente, íamos à capela, aos terços, bailes ou nas casas das amigas para conversarmos sobre o rapaz mais bonito e coisas assim. Hoje é diferente as garotas e os garotos só falam em “ficar”, sei lá o que é isso. Namoramos muito, até encontramos a pessoa certa para casamento.
Hoje temos filhos, netos e eu já estou querendo um bisneto, está demorando a chegar.
Moro sozinha, tem dia que o portão fica fechado o dia todo, não aparece ninguém. Os filhos são ótimos, mas parecem beija-flor, chegam e saem na mesma hora, é uma vida corrida, ninguém tem tempo. Sabe o que faço para espantar a solidão? Escrevo, e assim vou formando poemas que podem ser lidos ou cantados, num ritmo sertanejo.
Olha, vou parar por aqui. Se fosse escrever tudo que sinto e sei de nós, gastaria muitos cadernos. Muitos e muitos abraços para você amiga, que também deve precisar de ajuda para sair, não é? Até breve.

(Introdução do Livro MINHA TERRA)

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Maria Verônica25/12/2011

Quando chega o fim do ano
comemoramos com amor
25 de dezembro,
nasce o Cristo Salvador.
Porém eu não me esqueço
trago sempre na lembrança,
o meu natal lá na roça
quando eu era criança.

Eu perguntava à mamãe
onde estava o meu presente,
dizem que o papai Noel
traz muitas coisas pra gente.
Então ela respondia
e começava a chorar,
coitado, está tão velhinho
aqui não pôde chegar.

Ainda existem crianças
morando em velhas palhoças,
nos ranchos de carvoeiras
casas mal feitas na roça.
Onde só reina a pobreza
e o natal é diferente
ninguém tem vinho na mesa
criança não ganha presente.

Peço à mãe do salvador
abençoe essas crianças.
Nos ranchos abandonados
leve um pouco de esperança
Ensinando-as a viverem
com o pouquinho que têm
pois Jesus de Nazaré
foi pobrezinho também.

(do Livro MINHA TERRA)

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Maria Verônica15/07/1998

Amigo da cidade
venho convidar-te
pra passar uns dias
na roça comigo,
conhecer os campos
e as nossas lavouras,
o rancho pequeno
onde é meu abrigo.

Vem ver de manhã
a fumaça branca
cobrindo o ranchinho
lá no pé da serra,
todas as belezas
que temos no campo,
não compramos nada
produz nessa terra.

Onde você mora
tem coisas bonitas
mas vem conhecer
nossas novidades,
um fim de semana
vou ter esperar
quando for embora
vou sentir saudades.

(do livro MINHA TERRA)

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