Maria Verônica21/09/2012
Passo os dias viajando
nem sempre pro mesmo lado.
Eu não tenho carro próprio
e não vou comprar fiado.
Vou no carro do patrão
ou em carro alugado.
Sempre carregando gente
vou pra onde sou mandado.
Estou preparando grana,
pois quero carro importado.
Nas viagens que eu faço
tem momentos engraçados.
Às vezes não acho certo
muitos casos atrapalhados.
Sou pago pra viajar
por isso fico calado.
Sempre que sou chamado
desculpas eu não invento.
Dou um abraço nos meus pais
e já saio no momento.
Tenho vinte e oito anos
é cedo pro casamento.
Minha vida é tão boa
pra que arrumar tormento.
Namoro de vez em quando
mas prisão eu não aguento.
Viajo com muita fé,
sigo o nono mandamento.
Às vezes não ganho muito
mas dá bem pro meu sustento.
Mesmo se alguém me maltrata,
não carrego sentimento.
Certo dia me chamou
um homem, forte ricaço,
num carrão muito bonito,
e falou sem embaraço:
-Esposa quer ver parentes,
fica no Vale do Aço.
Saímos no mesmo dia,
mas veja as coisas que passo:
seus cabelos me tocavam,
ela encostada em meu braço
meu coração palpitava
para lhe dar um abraço.
No volante ia rezando,
Deus permita que não faço.
Devolvi ela pra ele
sem faltar nem um pedaço.
a
Maria Verônica18/09/2012
Certos rapazes de hoje
Precisam se controlar.
Gostam só de diversões
Não procuram estudar.
Muito cedo estão bebendo
E gostam de cachimbar,
Jogando fumaça fora
Mais tarde pode faltar.
Se o pai vai dar conselhos
Ele já não quer ouvir,
Não tem hora pra chegar
E nem hora pra sair.
Toma cuidado mocinho!
O cachimbo vai cair!
Quando a pensão chegar
Então você vai sentir.
Mocidade dura pouco
Passa sem você notar.
Fez tudo de uma vez
E não soube segurar.
Hoje você está velho
De que vale reclamar,
Jogou a fumaça fora
Não pode mais cachimbar.
a
Maria Verônica15/09/2012
Marquei todos com pontinhos
os recados que mandei
e hoje de madrugada
fui contar e me cansei.
Nunca me mandou resposta
se um recado recebeu.
Se chegou em tuas mãos
tenho certeza que não leu.
Um dia você me disse
que precisava ir embora,
só resolver alguns problemas
mas voltava sem demora.
Por lá ficou muitos anos
e te esperando estou eu
dizem que você voltou
mas de mim se escondeu.
Eu passei tristes momentos
sofri muito até chorei,
os pontinhos da esperança
com tristeza eu apaguei.
Não vou mais te procurar
e nem te mandar recado,
assim termina um amor
que mal tinha começado.
(do Livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica12/09/2012
Você agora está pagando
todo mal que você me fez,
saudade foi morar contigo
agora chegou sua vez.
Por muito tempo passei sofrendo
tendo saudade de companheira,
eu tive fé e consegui vencer
e na saudade dei uma rasteira.
Você agora vai ficar sabendo
se é bom viver, com saudade e solidão,
sentir tristeza em cada segundo
que bater forte seu coração.
Ver madrugada que não tem fim
casa vazia ao anoitecer,
gritar bem alto o nome de alguém
que você ama e só te faz sofrer.
Seu tempo todo vai ficar vazio,
nem guarda o número do celular
de alguém que ama e te deixou vagando.
vive esperando quem não quer voltar.
Saudade é justa, pode ter certeza
procura sempre o melhor caminho
pois no passado só me fez sofrer
me abandonou, quase morri sozinho.
(do Livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica12/09/2012
Seu compromisso é sagrado
eu não posso desfazer,
seu marido é meu amigo
não quero vê-lo sofrer.
Por isso eu vou embora
não voltarei mais aqui,
quero dizer te a verdade,
posso morrer de saudade
mais seu lar não vou destruir.
O nosso amor é pecado
nós devemos compreender,
eu vou viver bem distante
pra conseguir te esquecer.
Eu já fiz até promessa
vou à igreja rezar,
mas veja o que me acontece
enquanto faço uma prece
vejo você no altar.
Já comprei minha passagem
tomei essa decisão,
ninguém sabe a dor que eu levo
dentro do meu coração.
Ainda quero um favor
na hora que eu partir,
quero pedir te um abraço
num minuto em seus braços
pra sempre me despedir.
Venha falar comigo
amanhã às nove horas
porque já comprei passagem,
depois das dez vou embora.
(de livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica31/08/2012
Eu ainda estou pensando
Que palavras te mandar,
Pra você sofrer bastante
Quando de mim recordar.
O povo está criticando
Dizendo que sou palhaço,
Todas as vezes que saio
Ela cai em outros braços.
Já escrevi muitas frases,
Sem coragem não mandei,
Por te amar com loucura
Todas elas eu rasguei.
Sou igual bebê birrento
Que não para de chorar,
Eu acho que esta burrice
Ainda vai me carregar.
Eu morei sempre na roça
Não tenho muita maldade.
Demorei pra descobrir
Os costumes da cidade.
Só luxo e fantasia
Que vejo nesta mulher.
vou deixar de gostar dela,
Muito já, se Deus quiser.
Ela quer meu dinheiro!
Veio no meu pensamento.
É melhor sofrer agora
Que depois do casamento.
Resolvi vou jogar fora
Este anel de noivado,
Voltar lá pra minha roça
Onde nasci e fui criado.
a
Maria Verônica27/08/2012
Eu saio cedo pra roça
Molho todo de orvalho,
Se o serviço é pesado
Com isso não me atrapalho.
A morena me espera
Quando chego do trabalho.
Toda noite é rotina
Jogo um pouco de baralho.
Canto moda sertaneja
Isto me faz muito bem.
A letra sou eu que faço,
Não copio de ninguém.
Não sou de sentir saudades
Nem meus amigos também.
Se não vou na casa deles
Na minha casa eles vêm.
Agradeço a Deus do céu
Por ele me ajudar.
Ter me dado esta terra
Pra viver e trabalhar.
A cidade grande é boa
Pra ir depressa e voltar.
Viver cercado de muro
Nunca vou me acostumar.
a
Maria Verônica21/08/2012
Fala a verdade moço
deixa de tanta mentira,
falando que é da cidade,
se você é caipira.
Na roça você nasceu,
na roça que se criou,
na roça você comeu
do arroz que seu pai plantou.
Mas a tua vaidade
até te fez esquecer,
o cantar dos passarinhos
quando o dia vai nascer.
Do vermelho amarelado
que todo céu coloria,
pobre roceiro cansado
agradece o fim do dia.
Esqueceu a lua cheia
que ilumina o sertão,
esqueceu sua viola
e também o violão.
Não visita os amigos
na roça, não mais voltou
nem pra ver o pai cansado
que lutando te formou.
(do Livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica16/08/2012
A vovó e vovô mudaram para a cidade,
trouxeram a galinhada para não sentir saudade.
O vovô trouxe um pintinho, dá trabalho o dia inteiro,
o coitado está tão mole, não sobe nem no puleiro.
O vovô pediu ajuda, pra ver se o pinto crescia,
a vovó tem ajudado, já fez até simpatia.
colocou perto do fogo todo dia que choveu,
embrulhou com pano quente, mas o pinto não cresceu.
A vovó já deu conselho pra consumir o pintinho,
seu piado está fazendo muita raiva no vizinho.
O vovô ficou nervoso e com a cara zangada
disse que o pinto vai ficar no meio da galinhada.
O pinto fica piando encolhido no cantinho,
procurando agasalho em qualquer um buraquinho.
A vovó já fez de tudo mas de nada adiantou,
resolveu deixar de lado, o pintinho do vovô.
(do livro MINHA TERRA)
a
Maria Verônica26/07/2012
Levantei muito cedinho
fui fazer uma canção,
peguei lápis e papel
me veio uma inspiração.
Fiquei parado e pensando
como sofre os meus irmãos,
muitos com a enchente no Sul,
outros com a seca no sertão.
Lá no Sul quanta tristeza
família desabrigada
dormindo na ribanceira
fugindo da enxurrada.
A enchente levou tudo
as escolas e morada,
no Norte morrem de fome
a seca não deixou nada.
No Norte o céu azulado,
no Sul a chuva é perigo,
todos esperam ajuda
em cada um dos amigos.
Vamos repartir o pão
e o agasalho contigo
e pedir ao criador
que não lhe falte o abrigo.
Me encontrei ajoelhado
pedindo a Deus proteção,
querendo um pouco de paz
pro Sul e pro Sertão.
Escrevi essa mensagem
em forma de uma canção,
pode ser uma poesia
ou talvez uma oração.
(do livro MINHA TERRA)
a
-
Conheça a Dona Verônica -
Eu, Maria Verônica de Abreu Santos, nasci no dia 9 de abril de 1938, no povoado de Limas do Pará.…
Continuar lendo