Maria Verônica12/12/2012

Nós combinamos fazer
uma canção pra nós dois,
escrevemos com carinho,
cantamos juntos depois.
Porém durou pouco tempo
porque você foi embora.
A canção do nosso amor
eu canto sozinho agora.

Mandei pedir pra voltar
mas de mim, você só ria.
Falava com meus amigos,
nem se quer me conhecia.
Mas hoje paga bem caro,
porque tu vives na lama
ninguém quer os seus carinhos,
nem dormir em sua cama.

Se um dia você voltar
implorando o meu perdão,
eu direi pode ficar
mas te coloco em leilão,
àquele que me der mais
é que tu vais pertencer.
A minha oferta é zero,
quem der mais leva você.

(do livro MINHA TERRA)

a

Maria Verônica08/12/2012

Virgem Santa peço a Deus,
Pra ele me ajudar.
Estes pedidos que faço
Por favor, não me negar.
Traz saúde pro doente,
Faça ele melhorar.
Quem está passando fome
Traz o pão pra alimentar.
A todo endividado
Traz recurso pra pagar
E quem chora de saudade,
Vem depressa consolar.

Dá sono pra quem não dorme
Só passa a noite acordado,
Pois muitos estão sofrendo,
Outros lembrando o passado.
Pai de família não dorme
Quando está desempregado,
O dia já amanheceu
Sem dormir está cansado.
Dá coragem aos preguiçosos
Que vivem pra todo lado,
Não tem trabalho que serve
Pra eles tudo é pesado.

Protege os trabalhadores
Que trabalham sem poder.
Os que trabalham dobrado
Pra cumprir com seu dever.
Os pedidos são bastante
Mas Deus vai me atender,
Peço ainda pros idosos
E as crianças proteger.
Eu vou lá à igrejinha
Uma vela acender,
Vou levar o meu rosário
E rezar pra agradecer.

a

Maria Verônica01/12/2012

Me cansei daqui
Quero variar,
Vendo esta casa
Compro noutro lugar.
Aqui tem fofoca
Fico só pensando,
Até o fim do mês
Estou me mandando.
Levo pouca coisa
O resto vou deixando.

Não aguento mais
É viver sozinho.
Vou buscar bem longe
Quem me dá carinho.
Nem a campainha
Eu ouço tocar,
Telefone estraga
Sem ninguém pra chamar.
Nem um ombro amigo
Tenho pra chorar.

Que pecado eu fiz
Pra sofrer assim.
Penso que ninguém
Vai gostar de mim.
Se tem muita farra,
Fico afastado.
É triste sozinho
Mas tenho pensado
Se é gente falsa
Não quero a meu lado.

a

Maria Verônica25/11/2012

O povo pergunta
eu falo a verdade.
Nós terminamos
mas sinto saudade,
de nossos encontros
na encruzilhada
poeira vermelha
no fim da estrada.

Pelos velhos trilhos
o povo passava
a lua no céu
nos iluminava.
Por simples motivo
tudo terminou,
mentira e fofoca
o povo inventou.

Eu vivo sozinho
e ela também,
porque não consigo
amar outro alguém.
A Inveja malvada
em tudo deu fim.
Mas gosto é dela
e ela de mim.

a

Maria Verônica23/11/2012

Faz tempo que te conheço
estou muito apaixonado,
só o tipo de seu pai
vai me deixando afastado.
Ele quer que você viva
como no tempo passado,
pelo buraco da porta
que arrumava namorado.
Se te chamo no portão
ele está sempre do lado,
não posso te dar um beijo
Pra não pegar mau olhado.

Amanhã falo com ele
que desejo me casar,
se ele não consentir
eu também não vou teimar.
Quando for de madrugada
eu venho pra te buscar,
e juntos vamos viver
bem longe deste lugar.
Eu sei que você me ama
e vai me acompanhar,
pra gente voltar aqui
só se a poeira baixar.

(do livro MINHA TERRA)

a

Maria Verônica21/11/2012

A inveja e a ambição
Caminham de braços dados
Sorrindo e criticando
Do pobrezinho coitado.
Quando o pobre é lavrador
Prepara o seu roçado,
Se colhe muito e dá preço
O rico planta dobrado.
A colheita é abundante
Cai o preço no mercado.

Isto não faz diferença
Pro invejoso fazendeiro
Que continua investindo
Por este Brasil inteiro.
O pequeno produtor
Perdeu todo seu dinheiro
Para cuidar da família,
Trabalha só de meeiro,
Pois sozinho não tem renda
Pra pagar um companheiro.

De que vale boa safra
Sem ter preço no mercado,
O meeiro desanima
Passa a ser só empregado,
Pois sabe que mesmo pouco
Todo mês tem ordenado.
Até o rico invejoso
Fica todo endividado,
Agora está sabendo
O que o pobre tem passado.

Se tem rico ambicioso
Certos pobres são também.
Olho gordo mata tudo
Você sabe muito bem.
Rico e pobre ficam olhando
As coisas que o outro tem,
Se aparece algum dinheiro
Quer saber de onde vem.
Quem nunca sentiu inveja?
Só Jesus e mais ninguém.

a

Maria Verônica12/11/2012

Faz muito tempo que não volto lá na roça,
Só um amigo me traz noticias de La.
Contou que derrubaram meu ranchinho,
Também cortaram o pé de jacarandá.
De Saudades chorei, muito chorei,
Pois era ali que encontrava o meu amor.
Sempre escondido, ela moça muito rica,
Eu muito pobre, simples trabalhador.
Bastante tempo durou nosso namoro,
A gente se amava me sentia tão feliz...
Certo dia o pai dela descobriu
E a levou pra morar em outro país.

Meus pais morreram, eu fique muito pequeno.
Com uma família de sem terra fui criado.
Certo dia, eles me entregaram seu ranchinho,
Foram embora se abrigar por outros lados.
Sofrendo muito vim morar nesta cidade,
Lutei bastante pra emprego arrumar.
Pouco dinheiro e sem casa pra viver
Dormi na rua e trabalhei para estudar.
Eu me formei, hoje trabalho em medicina,
Sinto da roça uma saudade sem fim.
Pela internet, a moça rica reencontrei,
Hoje sou dela e ela vive pra mim.

a

Maria Verônica11/11/2012

Aproveitando este resto
De tudo que rabisquei,
Escrevo só pra dizer
Que nunca te perdoei.
Eu quero que você sofra
Do jeito que eu sofri,
Que role do morro alto
E caia como eu caí.

Não perdoar é pecado
Mas quero que perca a fama.
Eu te dava só amor
Você me jogou na lama.
Quero esquecer pra sempre
Aquela vida malvada,
Você ainda falava
Que eu não servia pra nada.

Por te ver assim sofrendo
Eu sinto grande alegria,
Falando que se pudesse
Ao passado voltaria.
Mesmo que você me desse
Sua riqueza de presente,
Sou feliz vivendo assim
Te sentindo bem ausente.

Dinheiro não compra amor,
Nem aquece coração.
Fica com sua riqueza
Não perca nem um tostão.
Sou pobre, mas vivo bem
Na maior felicidade,
Encontrei nos braços pobres
Quem me ama de verdade.

a

Maria Verônica02/11/2012


Papai eu venho em sua última morada,
hoje é seu dia, te ofereço oração,
vou te contar tudo que agora estou vivendo:
hoje sou rico e tenho grande mansão,
mas não esqueço nosso ranchinho modesto
e os seus trabalhos pra minha criação
todos os dias rezo para agradecer
o seu suor e os calos de sua mão.
O meu diploma na parede pendurado
está no quadro ao lado de um retrato seu
é a lembrança que eu guardo de você
papai querido, hoje está junto de Deus.

Faz tanta falta para olhar nossa velhinha
que está cansada com a memória vacilando.
Faz tudo errado parecendo uma criança
e na varanda passa as tardes lhe chamando.
Não se conforma por ter perdido você
e continua como sempre te amando.
Ela mim pede: meu filho chame seu pai
ele está no curral ou no quintal capinando.
Olho pra ela, a tristeza mim maltrata,
é uma dor que pouco a pouco mim consome.
Papai querido em sua homenagem
em meu primeiro filho, coloquei o seu nome.

(do livro MINHA TERRA)

a

Maria Verônica30/10/2012

Eu vivo sempre sozinho
e não tenho solidão,
penso ali, penso cá
veja as coisas como vão:
mundo velho está mudado
é triste a situação,
penso aqui e penso lá
e não vejo solução.

São filhos mandando nos pais
e os pais agalinhando,
eles vão soltando a corda
e os filhos enrolando.
Esqueceu de dar o nó
toda corda foi tomando,
eu preencho meu vazio
nestas coisas imaginando.

Hoje tudo é diferente
do tempo que fui criado,
o filho baixava as asas
só do pai dar um piscado.
Os meninos trabalhavam
e eram bem educados,
hoje se o filho trabalha
pobre pai é castigado.

Eu não posso fazer nada
para o mundo melhorar
é só mesmo Jesus Cristo
que pode dele cuidar.
Melhor é ficar calado
pra ninguém me criticar,
recordando o mundo bom
que nunca mais irá voltar.

(do livro MINHA TERRA)

a

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